Idade do Ferro
De um modo geral, a designação de Idade do Ferro abarca o I milénio antes de Cristo, época em que as comunidades desta região habitavam em povoados fortificados, vulgarmente conhecidos por castros, que se distribuíam ao longo das bacias dos principais rios.
Sabemos hoje que muitos desses povoados foram ocupados desde o Bronze Final, altura em que se construíram as primeiras fortificações. No entanto, é na Idade do Ferro, posteriormente ao século VIII antes de Cristo, que se verifica a existência generalizada de recintos amuralhados. Embora seguindo estratégias diferenciadas, a difusão deste modelo habitacional está associada a processos de territorialização destas comunidades proto-históricas, em áreas aptas, simultaneamente, para a agricultura, a recoleção e criação de animais.
Entre os séculos VIII e V antes de Cristo, estes povoados fortificados parece terem vivido quase fechados, pouco interagindo entre eles. No entanto, a partir do século V antes de Cristo verifica-se a sua progressiva organização em redes de complementaridade, de povoamento e de exploração de recursos. É neste contexto que alguns destes aglomerados populacionais se transformam em lugares centrais (oppida), de elevada concentração populacional e com uma organização em bairros.
A progressiva hierarquização dessas comunidades conduziu à integração dos respetivos povoados em unidades territoriais, de caráter regional e eventualmente étnico, que os romanos viriam a designar por povos.
A Idade do Ferro está associada à exploração crescente e intensiva dos solos agrícolas, ao controlo extensivo dos recursos naturais e ao desenvolvimento tecnológico que se reflectiu no trabalho da pedra, da olaria e da metalurgia do bronze e do ferro.
A cerâmica, de funcionalidade diversa, carateriza-se pelo seu aspeto micáceo. Os objetos metálicos tornam-se mais abundantes, sendo crescente a utilização do ferro. Como reflexo do fenómeno de diferenciação e complexificação social, no seio das comunidades e entre estas, desenvolve-se a ourivesaria e a estatuária em pedra, materializada nas esculturas dos guerreiros tão característicos desta região.
O período que antecedeu o contacto com os romanos correspondeu a uma organização económica, social e política, solidamente hierarquizada, estruturada em unidades étnicas com ampla expressão territorial, como seria nesta região, o caso dos Bracari, que agregaram os castella ou castros. Este modelo organizacional conduziu à emergência de elites que viriam a desempenhar um papel decisivo na integração desta região no Império romano.