Urbanismo de Bracara Augusta:
A cidade de Bracara Augusta foi fundada no centro do território dos bracari, povo indígena que controlava a região entre os rios Neiva e Ave. A sua fundação deverá datar de 16-15 antes de Cristo, tendo sido a única cidade criada pelo imperador Augusto no atual território português a norte do Douro.
Bracara Augusta teve uma origem civil e administrativa, tendo sido sede de convento jurídico com competências de natureza judicial, na recolha de impostos, no recrutamento de tropas e na organização do culto imperial.
A cidade terá sido planificada por militares que terão sido responsáveis, também, pela criação de infraestruturas de abastecimento de água e de saneamento, bem como pela construção da rede viária.
A cidade foi organizada segundo um plano ortogonal definido pelos dois principais eixos de circulação interna – o cardus (NO-SE) e o decumanus (SO-NE). As restantes ruas mantinham esta orientação, definindo os quarteirões (insulae), de forma quadrada, com 150 pés de lado (cerca de 45 m), entre os eixos das respetivas ruas.
Um elemento característico do urbanismo de Bracara Augusta eram os pórticos, anexos às ruas, que aqui funcionavam como passeios, ou como extensão das lojas (tabernae) que se implantavam nas fachadas das casas.
Entre finais do século I e inícios do século II a cidade deve ter atingido a sua máxima extensão, tendo, então, sido objecto de uma significativa requalificação urbana, bem evidente nas imediações do forum administrativo, onde foram construídas umas termas públicas e um teatro.
Os finais do século III / inícios do IV foram marcados por amplas remodelações em edifícios públicos e privados, as quais podem estar relacionadas com a promoção da cidade a capital da província da Calaecia. No entanto, a maior intervenção urbanística desta época está relacionada com a construção de uma muralha com torreões, com paralelos noutras cidades das províncias ocidentais.